Dinamizado pela Câmara Municipal , o projeto das Hortas Comunitárias desafiou particulares e entidades a cultivarem os terrenos existentes na envolvente do Centro de Interpretação do Carvalho de Calvos (CICC). E o Centro Social e Paroquial de Monsul, uma IPSS, através dos utentes seniores da resposta de apoio domiciliário, aceitou o repto.
Uma vez por semana, utentes, colaboradoras e uma voluntária da instituição passam o dia no CICC e a manhã é reservada ao fabrico da leira que lhes está atribuída. Ali, cultivam e colhem o que a época do ano lhes dita: penca, curgete, espinafre, batata doce, alho-francês, pimento… Produtos agrícolas que são depois utilizados pela instituição na confeção das refeições que serve.
Para estas pessoas seniores, a quinta-feira é o dia mais aguardado, e, por parte da equipa municipal ligada a este projeto, a ambição é de que o entusiasmo deste grupo pulverize outras instituições. “Que venham experimentar e comprovar o benefício que podem retirar, para os seus utentes, com esta atividade, que é realizada com tranquilidade, serenidade, de uma forma terapêutica, num espaço maravilhoso como é este parque, com ambiente agradável e com todo o nosso apoio”, desafia a Técnica do Município, Vanessa Barros, responsável pela dinamização, no terreno, do projeto das Hortas Comunitárias. “É muito gratificante ver esta IPSS a trabalhar tão bem, ver esta alegria, este entusiasmo”, destaca ainda.
Pretende-se, portanto, que a partilha da experiência por parte do Centro Social e Paroquial de Monsul inspire outras entidades a aceitarem o mesmo desafio. A Câmara Municipal cede, gratuitamente, a particulares e entidades Povoenses, os talhões para cultivo e ainda presta todo o tipo de apoio técnico e outro que seja necessário (instrumentos, formação, fornecimento de água, transporte).
A Diretora Técnica do Centro Social e Paroquial de Monsul, Eugénia Fernandes, acompanha semanalmente o grupo de cerca de 20 pessoas e testemunha o empenho com que estes utentes se entregam a esta atividade, que estimula vertentes tão importantes nestas idades, como a autonomia, a motricidade, a capacidade cognitiva, a saúde física e mental, o convívio e combate o isolamento. Ao mesmo tempo que promove o regresso ao contacto com a terra, com os trabalhos agrícolas que estas pessoas tão bem conhecem, fomentando, por isso, a partilha de conhecimentos.
“É uma mais-valia estarmos aqui, gostamos muito. Entusiasma-nos”, revela Eugénia Fernandes, que destaca a importância das parcerias e das sinergias na comunidade, nomeadamente com a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia, para que seja possível proporcionar experiências felizes aos utentes. “Enquanto instituição, também pretendíamos ter um projeto em que o grupo tivesse objetivos comuns. Isto facilitou muito, porque eles vêm em união para aqui e gostam todos de dar o seu contributo. Entendem todos muito de agricultura, tiveram ou ainda têm o seu quintal em casa, sabem quando é que se deve cultivar o quê e depois contribuem para a nossa instituição”, refere ainda esta responsável.
Utentes revelam contentamento
Aos 87 anos, Violanta Gonçalves, mostra-se contente com esta experiência. “É um convívio que fazemos. É bom. Parece que dá saúde à gente”, relata, sorrindo. “A quinta-feira é o nosso ‘dia santo’, é o nosso dia de sair, e o meu marido também está sempre a perguntar ‘Amanhã, vamos lá?’”, confidencia. Com 83 anos, Aurora Vieira, também revela o seu contentamento. “Quem tiver oportunidade, deve aproveitar, porque isto faz bem. A pessoa anda distraída e vai fazendo o que pode e o que gosta”, refere. Estas pessoas seniores também são acompanhadas por colaboradoras da instituição e pela voluntária, Luísa Ferreira, de 60 anos. Há quem considere que é esta é a principal incentivadora do grupo. Não deixa faltar ninguém, porque sabe que vai fazer bem. “Eles estão sempre preparados para vir, ansiosos que chegue o dia da atividade”, refere, revelando que o ideal seria que a quinta-feira em que há Hortas Comunitárias começasse mais cedo. Por todos os motivos e mais algum.