Na próxima sexta-feira, dia 20 de Dezembro de 2024, comemora-se o centésimo aniversário do nascimento de Armando Gonçalves Rodrigues e a Camara Municipal leva a efeito esta homenagem prestando um justo reconhecimento a este Homem que foi uma das figuras povoenses mais proeminentes do século XX pelas várias funções que assumiu ao longo da sua vida.
Destacam-se os seus papéis como Provedor da Santa Casa da Misericórdia, como Presidente da Casa do Povo e como Presidente da Câmara Municipal.
Esta cerimónia terá início pelas 10h00 da manhã, com uma eucaristia no Salão Paroquial da Póvoa de Lanhoso à qual se segue uma romagem ao cemitério. Pelas 11h45 será descerrada uma placa alusiva ao centenário do seu nascimento, na Praça central, à qual atribuíram postumamente o seu nome, por propostas aprovada por unanimidade pela Câmara Municipal e pela Assembleia Municipal da Póvoa de Lanhoso.
Armando Rodrigues – Vida e legado
Armando Gonçalves Rodrigues nasceu na Vila da Póvoa de Lanhoso no dia 20 de Dezembro de 1924, único filho de Américo Rodrigues e Maria Ferreira Gonçalves.
Estes eram proprietários da “Casa Cirilo”, estabelecimento comercial de referência, à data, um dos mais importantes e prestigiados do distrito, e agricultores abastados.
Formou-se em Engenharia Eletrónica na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, mas exerceu a “banca do negócio paterno, um negócio próspero que ele soube fazer crescer”, não sem antes ter passado pela docência, pela HICA - Hidroeelétrica do Cávado, companhia produtora e distribuidora de energia elétrica na região e pelos Serviços Municipais.
Casou com Maria Luísa Monteiro com quem teve cinco filhos, Luísa Maria, Armando Luís, Paulo Jorge, Américo Agostinho e Helena Cristina.
O Eng. Armando Gonçalves Rodrigues foi Provedor da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso, tendo dado início ao projeto de construção do designado "Bairro da Misericórdia", sendo à sua ação que se deve a preservação do Palacete das Casas Novas, edifício que foi adquirido à família de António Ferreira Lopes para que para lá fosse transferido o então designado "Asilo de S. José".
Foi Presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso. Foi igualmente Presidente da Casa do Povo, a ele ficando a dever-se a construção do Pavilhão Gimnodesportivo sito na avenida 25 de abril, bem como a existência da extensão de Taíde da Casa do Povo.
Foi Presidente do Conselho Geral da Federação das Casas do Povo do Distrito de Braga, Delegado do Grémio do Comércio e Membro da Corporação da Lavoura, bem como, Presidente da Assembleia Geral do Sport Clube Maria da Fonte.
Por inteiro dedicado à sua terra, não causou espanto o convite do Comendador António Maria Santos da Cunha, Governador Civil de Braga, em Dezembro de 1970, para assumir o cargo de Presidente da Câmara Municipal, função que desempenhou até ao final dos seus dias.
Enquanto Presidente da Câmara, iniciou a obra de fornecimento de energia elétrica às freguesias, a eletrificação da avenida da república, a recuperação e apetrechamento da Casa da Mesa, no Monte do Pilar, transferiu a posse do Campo dos Moinhos Novos para o Sport Clube Maria da Fonte, e os projetos para o desenvolvimento da sua terra foram abruptamente interrompidos com o seu falecimento prematuro e inesperado.
Faleceu a 23 de Setembro de 1972. Tinha 47 anos.
O seu falecimento deixou a sociedade povoense consternada, pois era consensual o muito que tinha para dar à sua terra.
Armando Rodrigues deixou criadas expectativas nos povoenses que não puderam concretizar-se “… foi por isso que houve uma frustração. Não viram as realizações que esperavam.”
Foi um dos povoenses que marcou o século XX, pelo seu caráter e pela sua dedicação.
Foi condecorado pelo Ministério das Corporações e, a título póstumo, pela Câmara Municipal, com a Medalha de Honra – Grau Ouro, além de o seu nome ter sido atribuído à principal Praça da Vila, proposta aprovada por unanimidade pela Câmara Municipal e pela Assembleia Municipal da Póvoa de Lanhoso.
“Era um sonhador e um realista, o engenheiro Armando Rodrigues. A sua vida agitadíssima, dado o seu dinamismo e grandes qualidades de trabalho… Ao menos fica a sua vida como exemplo para os vindouros e a sua memória jamais perecerá na mente dos que tiveram a dita de o conhecer e das gerações que se sucederem e dele venham a ouvir falar. ”Este pequeno excerto pode ler-se no Jornal centenário Maria da Fonte, que das quatro páginas que o compunham dedicou mais de duas ao falecimento do Presidente da Câmara Municipal, intitulando o artigo com “O Concelho está de luto”, na sua edição de 30 de Setembro de 1972.
Para escrever este texto foram consultadas as seguintes fontes: Monografia do P.e Manuel Magalhães dos Santos, as edições de 30 de Setembro de 1972 do Jornal Maria da Fonte e do Jornal da Póvoa de Lanhoso, uma publicação do historiador povoense José Abílio Coelho, além de contributos de familiares.