A animação cultural é uma das cada vez mais crescentes funções desempenhadas pelas autarquias. Ultrapassada a premência das infra-estruturas básicas, o bem-estar, o lazer e a fruição cultural é um desiderato crescente das nossas atribuições.
A Póvoa de Lanhoso, enquanto concelho localizado bem no coração do Minho, dispõe, disseminadas um pouco por todas as comunidades, um importante e significativo conjunto de Festas, Feiras e Romarias que complementam a oferta disponibilizada pela autarquia.
A dinâmica da animação cultural municipal, para além da regular dinâmica assegurada pelos espaços diversos municipais, assume particular expressão ao nível do exterior, nas Festas do Concelho, Feira Franca de S. José, a 19 de Março, dia de Feriado Municipal, no período de Verão e evocando outros dias comemorativos e eventos.
As festas do Concelho da Póvoa de Lanhoso, e Feira-franca de S. José, são as primeiras das grandes Romarias do Minho. Com uma tradição secular, a primeira feira foi instituída em 1895, algumas das principais referências da tradição mantêm ainda bem presente esse espírito.
Com uma dinâmica fundamentalmente económica, que se manteve o principal motor impulsionador e propulsor durante décadas, onde os comerciantes assumiam a sua fundamental quota parte de responsabilidade na organização e promoção das diversas iniciativas, no âmbito destas festividades, em que os principais momentos eram, naturalmente, além do concurso pecuário e da feira-franca, as corridas de cavalos.
A história das feiras na Póvoa de Lanhoso encontra referências bem anteriores à feira de S. José. Desde logo na Carta de Foral de D. Dinis (1292, 25 de Setembro), ou a primeira referência à Carta de Feira datada do século XV. As primeiras feiras existentes na Póvoa de Lanhoso, mercê da sua ruralidade característica, escolhiam de uma forma quase indistinta o período das colheitas sazonais do final do Verão (o “S. Miguel de Setembro”), existindo diversas referências a feiras semanais ou mensais ao longo do século XIX.
A referência Bibliográfica mais significativa para o acompanhamento da história das Festas de S. José é o estudo do Dr. José Bento da Silva, “Feira Franca e Festa de S. José”, publicado em 2003. Ali podemos conferir documentalmente, entre outros factos, a institucionalização pela Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, da Feira de S. José, em Março de 1895, atenta ao sentir e pulsar da comunidade.
Hoje matem-se particulares momentos de tradição, de que o concurso pecuário é exactamente uma das referências do dia 19 de Março na Póvoa de Lanhoso. Em 1887 os prémios totalizavam 50.000 reis para o «gado vaccum e cavallar», divididos entre a “melhor junta de bois”, “melhor junta de touros”, “melhor cavalo” e “melhor égua”. Hoje os prémios, embora não muito grandes são-no sim em maior número.
Da primeira festa até hoje existem tradições que ainda se mantêm. Para além da feira e dos concursos, as músicas (filarmónicas) continuam presentes. Em 1897 foi a “banda de música Povoense” a abrilhantar a festa. Hoje são a Banda Musical dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso e a Banda Musical de Calvos.
Em 1898, outra atracção importante das festas eram as corridas de cavalos “na estrada de Guimarães”, hoje mantêm-se as corridas de cavalos (a galope) em terrenos anexos à E.N. 310 que liga a Guimarães.
Se o fogo-de-artifício ainda se mantém na tradição, quando “subia ao ar grande quantidade de foguetes”, as sessões de fogo-de-artifício agora “no jardim” são um dos momentos importantes das festas, com o seu público, os entendidos e os simples mas numerosos admiradores. Numerosos são também os apreciadores do folclore minhoto, que se reúne em Festival nas Festas de S. José com a participação dos 7 grupos folclóricos do Concelho.
Tradição e a religiosidade
Pelo que fica expresso, as Festas de S. José mantêm muito da tradição popular que, por outro lado lhe conferem uma forte vertente religiosa, o que foi mesmo objecto de redimensionamento ou, pelo menos, forte sensibilização no sentido de dignificação desse particular momento que é a Procissão.
Apesar da componente religiosa secundar a vertente festiva e comercial das Festas, pois só a partir da criação da Paróquia de N.ª Sr.ª do Amparo (em 1925) a vertente religiosa das festas passou a acompanhar a forte componente económica. De facto, é a partir de 1928 que a Missa Solene se realiza com regularidade, sendo que a Procissão ainda acontece mais tardiamente, com regularidade a partir da década de 60 (de forma esporádica, em 1935, 1949 e 1950).
O carácter concelhio das festividades é assumido em diversas vertentes, sendo hoje a participação na Majestosa Procissão um dos seus expoentes. A instituição do dia 19 de Março como dia de Feriado Municipal aporta-lhe, naturalmente, uma dimensão local mais significativa, seja de envolvimento das instituições, seja da participação e adesão popular. Ao dia 19 de Março estão também associados alguns dos momentos mais marcantes da história recente da Póvoa de Lanhoso (inauguração dos Paços do Concelho, do Tribunal e particularmente com a imposição de honrarias municipais).
Pelo facto da Romaria de S. José ser uma a primeira das nossas grandes romarias no Minho, objecto de grande participação popular, num misto de fé e de profano, o Programa procura alcançar outros objectivos, também promocionais, ao patentear as diversas vertentes locais, constituindo-se como uma montra do trabalho e da actividade das gentes das Terras de Lanhoso. A gastronomia local é uma das referências, além do conjunto dos pratos característicos da região, destaque concreto para o “Cabrito À S. José” que a quase totalidade dos restaurantes colocam no cardápio durante este período.