A Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso promoveu a ação temática “Recuso ser vítima”, que foi dinamizada no dia 6 de Abril no Theatro Club, pela atriz Sílvia Abreu, Presidente da Associação Tocar n’Alma.
“Hoje vamos tratar aqui de um tema muito sério, a Violência Doméstica, assunto que nos diz respeito a todos/as, pois, enquanto houver notícias na Comunicação Social de que há vítimas, é sinal de que ainda temos muito a fazer. Só no ano passado, foram 28 as vítimas mortais de violência doméstica, sendo quatro delas crianças, e estes números assustam-nos…, temos o dever de continuar a trabalhar com as entidades parceiras para informar e sensibilizar para a alteração de mentalidades e comportamentos.” Foram estas as palavras da Vice-Presidente e Vereadora do Pelouro da Promoção da Igualdade, Fátima Moreira, no início da sessão, na qual participou ativamente, bem como os vereadores Paulo Gago e Ricardo Alves.
A personagem entrou de rompante na sala e lançou para plateia várias observações como “eu preciso de arranjar um namorado porque se não tiver um namorado, as pessoas vão achar que eu sou uma falhada”, “eu tenho de ter um namorado para ser feliz ” e olhava em redor, à procura de um “pretendente”. Depois de interagir com os presentes e de arrancar algumas gargalhadas à assistência, saiu, tão repentinamente como entrou, para, momentos depois, aparecer a Dr.a Sílvia Abreu.
“Sou a Sílvia… tenho 47 anos, 2 filhos e uma história de vida longa e intensa, quer a nível pessoal, quer profissional. Quis juntar toda a minha bagagem e o que gosto de fazer para poder ser útil aos outros. Pretendo, com o meu exemplo, mostrar que podemos transmutar o que vivemos em prol de nós e dos outros. Fui objeto de violência durante quase toda a minha vida e… recuso ser vítima.
Criou-se um interessante espaço de reflexão e interação onde este tema, que é ainda tabu, foi tratado abertamente, tendo captado a atenção todos/as, de início ao fim.
Com uma abordagem ao estilo teatro fórum, a atriz transmitiu uma mensagem esclarecedora relativamente a esta temática, infelizmente, tão atual, mas de que não se fala abertamente ou, quando se fala, não há rostos. Aos/às participantes foi pedida opinião acerca do tema, mas outros/as houve, que partilharam espontaneamente as suas opiniões e pequenas histórias pessoais.
Alguns dos objetivos desta performance eram ajudar a perceber o que é a violência e as suas várias formas; que não se pode ceder ao medo e informar que há estruturas de apoio, a quem se deve pedir ajuda.
Esta sessão, tão esclarecedora quão comovente, terminou com o fado “Nem às paredes confesso” cantado à capela, pela atriz, que deixou todos/as presentes emocionados/as. Com esta atuação ficou a mensagem, a todas as vítimas que não têm voz, para que “tenham coragem para falar”.
Na Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso há um serviço de apoio à vítima, o SIGO, que pode ser contactado através do n.º 961586244.